Hoje não sei descrever sentimentos,
Faltam-me as frases poéticas paridas naturalmente.
Hoje, tudo em mim é a branco e preto,
Com um sabor a revolta que não disfarça este momento.
Há em mim um cansaço desprovido de esperança,
Um alheamento brutal à passividade do silêncio
Porque a vida faz-se, fluindo suave e solta
Quando na verdade tudo é tão negro!
Triste, é ter de dizer que já não creio
Na honestidade de quem nos governa,
Nesta democracia camuflada
Que nos espezinha todos os dias,
Na veracidade incolor da justiça,
Quando o pano de fundo é pura aldrabice.
Há gatunos em todas as esquinas,
Parasitas que fingem trabalhar,
Políticos, verdadeiras obras primas
Na arte de aldrabar!
Triste, é sentirmo-nos violentados
Até na nossa essência,
Descobrir que protegido é quem viola a lei,
Sofrer de insegurança e calar a indecência
De quem se crê imune e se julga rei.
24/01/2012